terça-feira, 26 de junho de 2012

Que este governo descanse em paz!

Normalmente, ser coerente é uma virtude. Como a vida é dialética, há exceções. Existem situações em que a coerência é perniciosa, maléfica. O atual governo do estado de Alagoas é extremamente coerente.
Aqui há problemas para nascer com maternidade inaugurada, a qual não pode usada por falta de profissionais. A taxa de mortalidade de recém-nascidos, apesar da queda, ainda está entre as maiores do país.
Na educação pública, a Secretaria demorou seis anos para descobrir que as escolas estaduais estavam em situação de emergência. Contratou empresas sem licitação para reformá-las, com previsão de entrega para março. O mês de junho está para terminar e cerca de 40% das escolas permanece sem aulas. Direções de escolas, democraticamente eleitas, que cobram soluções do governo foram e são afastadas, ou sem processos, ou com processos de origens duvidosas (para não dizer processos manipulados, criados de formas escusas). Conselhos Escolares são dissolvidos sem maiores motivos. O Programa Geração Saber que por volta de 2008 recebeu do Governo Federal cerca de 350 milhões até hoje não apareceu, não saiu do papel, ao menos que se tenha algo visível, palpável. Todas as verbas que chegam às escolas estaduais vêm do Governo Federal, seja para merenda, material escolar ou de escritório, limpeza ou reforma. Não há um centavo sequer gasto/investido pelo governo estadual.
Na segurança pública, Maceió é a capital mais violenta do país. No mundo, ela carrega o nada honroso título da 3ª posição no mesmo quesito. A cada ocorrência o governador corre à Brasília para pedir ajuda da Força Nacional e mais verbas ao Governo Federal. No início da atual gestão eram 8000 policiais, hoje são 6000. A propaganda governamental repete tresloucadamente sobre um programa de recuperação de dependentes químicos, mas o que se vê nas ruas é a crescente influência do tráfico de drogas nas vidas e nas mortes da juventude alagoana.
Para as cidades que sofreram devastações por conta das chuvas há dois anos, o Estado recebeu verbas do Governo Federal e hoje se tem apenas 10% das casas reconstruídas. Nesse ritmo serão necessários mais 18 anos.
No caso do IML, em destaque nos últimos dias, aconteceu o mesmo que nas escolas. Foram necessários seis anos para descobrir as carências e vicissitudes do órgão. Desse modo também será feita uma reforma, sem licitação mais uma vez, e monotonamente esperar-se-á pela conclusão dos trabalhos.
Em resumo, no serviço público estadual alagoano e na vida dos alagoanos não existe uma atitude séria sequer por parte do governo estadual. Não ocorrem concursos públicos nem investimentos estaduais, visto que a compreensão econômica neoliberal assumida pelo governo Teotônio Filho/Nonô (PSDB/DEM) é que tudo deve ser resolvido pelas empresas privadas. Assim, em várias áreas como educação, segurança e até planejamento são contratadas empresas de consultoria, como de costume, sem licitação. Desse modo, pode-se perceber a coerência do governo do Estado de Alagoas, a coerência da morte. Segundo este, o povo alagoano deve ter dificuldades para nascer, viver, morrer e descansar em paz e as empresas privadas devem lucrar muito!
Se Nietzsche anunciou “Deus está morto!”, o povo alagoano pode dizer: O governo está morto, o desgoverno está bem vivo!

Carlos Eduardo Müller, prof. de Matemática, mestre em Educação/UFAL

PS: Sobre desenvolvimento econômico aboradaremos em outro texto específico, aliás últimas notícias informam que o Estaleiro está com dificuldades de se instalar, que era a "grande" aposta dos atuais gerenciadores da máquina pública alagoana.

(texto revisto em 27/06/2012, às 0:19)

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