Normalmente,
ser coerente é uma virtude. Como a vida é dialética, há exceções. Existem
situações em que a coerência é perniciosa, maléfica. O atual governo do
estado de Alagoas é extremamente coerente.
Aqui há
problemas para nascer com maternidade inaugurada, a qual não pode usada por
falta de profissionais. A taxa de mortalidade de recém-nascidos, apesar da
queda, ainda está entre as maiores do país.
Na educação
pública, a Secretaria demorou seis anos para descobrir que as escolas estaduais
estavam em situação de emergência. Contratou empresas sem licitação para
reformá-las, com previsão de entrega para março. O mês de junho está para
terminar e cerca de 40% das escolas permanece sem aulas. Direções de escolas,
democraticamente eleitas, que cobram soluções do governo foram e são afastadas,
ou sem processos, ou com processos de origens duvidosas (para não dizer
processos manipulados, criados de formas escusas). Conselhos Escolares são
dissolvidos sem maiores motivos. O Programa Geração Saber que por volta de 2008
recebeu do Governo Federal cerca de 350 milhões até hoje não apareceu, não saiu
do papel, ao menos que se tenha algo visível, palpável. Todas as verbas que
chegam às escolas estaduais vêm do Governo Federal, seja para merenda, material
escolar ou de escritório, limpeza ou reforma. Não há um centavo sequer gasto/investido
pelo governo estadual.
Na segurança
pública, Maceió é a capital mais violenta do país. No mundo, ela carrega o nada
honroso título da 3ª posição no mesmo quesito. A cada ocorrência o governador
corre à Brasília para pedir ajuda da Força Nacional e mais verbas ao Governo Federal.
No início da atual gestão eram 8000 policiais, hoje são 6000. A propaganda
governamental repete tresloucadamente sobre um programa de recuperação de
dependentes químicos, mas o que se vê nas ruas é a crescente influência do
tráfico de drogas nas vidas e nas mortes da juventude alagoana.
Para as
cidades que sofreram devastações por conta das chuvas há dois anos, o Estado recebeu
verbas do Governo Federal e hoje se tem apenas 10% das casas reconstruídas.
Nesse ritmo serão necessários mais 18 anos.
No caso do
IML, em destaque nos últimos dias, aconteceu o mesmo que nas escolas. Foram
necessários seis anos para descobrir as carências e vicissitudes do órgão. Desse
modo também será feita uma reforma, sem licitação mais uma vez, e monotonamente
esperar-se-á pela conclusão dos trabalhos.
Em resumo, no
serviço público estadual alagoano e na vida dos alagoanos não existe uma
atitude séria sequer por parte do governo estadual. Não ocorrem concursos
públicos nem investimentos estaduais, visto que a compreensão econômica neoliberal assumida pelo governo Teotônio Filho/Nonô (PSDB/DEM) é que tudo
deve ser resolvido pelas empresas privadas. Assim, em várias áreas como educação,
segurança e até planejamento são contratadas empresas de consultoria, como de
costume, sem licitação. Desse modo, pode-se perceber a coerência do governo do
Estado de Alagoas, a coerência da morte. Segundo este, o povo alagoano deve ter
dificuldades para nascer, viver, morrer e descansar em paz e as empresas
privadas devem lucrar muito!
Se Nietzsche
anunciou “Deus está morto!”, o povo alagoano pode dizer: O governo está morto,
o desgoverno está bem vivo!
Carlos Eduardo Müller, prof. de Matemática, mestre em Educação/UFAL
PS: Sobre desenvolvimento econômico aboradaremos em outro texto específico, aliás últimas notícias informam que o Estaleiro está com dificuldades de se instalar, que era a "grande" aposta dos atuais gerenciadores da máquina pública alagoana.
(texto revisto em 27/06/2012, às 0:19)
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